Olá Fernando,

Como a mensagem foi para a lista, em alguns pontos quis deixar claro (em um momento inclusive disse que a intenção era deixar claro) alguns pontos, justamente para quem acompanha a thread entender melhor. O que eu quis te dizer, é que a relação Red Hat <-> Gnome e Red Hat <-> Fedora não é muito diferente. Do mesmo modo que dezenas de outros projetos também tem relação de patrocínio por parte da Red Hat.

Baseado no seu argumento, seria completamente plausível que a Red Hat saísse colocando na documentação de todos os projeto que patrocina, algo que fosse favorável a ela, como no Gnome recomendar o uso do Fedora com Gnome ou do Red Hat ou qualquer loucura desse tipo, já que o Gnome é utilizado em vários sistemas operacionais.

Como a documentação/wiki do projeto é aberta, qualquer pessoa pode sugerir mudanças e assim por diante. Ou seja, se a Red Hat faz isso , pelo seu argumento, daqui há pouco poderia aparecer gente do BLAG, do Freedora, do Cent OS e de outros OSs baseados no Fedora querendo puxar a sardinha para eles na documentação do Fedora.

O fato de existir gente da Red Hat colaborando com o Fedora, significa a mesma coisa de gente da Red Hat colaborando com o Debian, como vocẽ mesmo disse. Na verdade, a Red Hat colabora com todas as distros, já que 12,5% do kernel Linux foi/é escrito por ela, o que a faz o maior contribuidor individual do mundo (quase o dobro da Novell, em segundo lugar).

Eu participo do projeto Fedora em vários grupos e times, e é com esse conhecimento que eu te digo que o Fedora é um projeto independente. A Red Hat é uma excelente patrocinadora e oferece um apoio sem tamanho ao Fedora, mas isso não significa que a Red Hat vai vir mexer na documentção do Fedora semeando argumentações que desencoragem o Fedora como servidor, até porque isso não é uma afronta à Red Hat.




Em 10 de julho de 2013 12:02, Fernando Lozano <fernando@lozano.eti.br> escreveu:
Marcel,


> Eu iria tentar responder seu e-mail com citações ponto a ponto, mas o
> conteúdo está tão fragmentado no que condiz com a realidade,

Nada do que eu afirmei é inverídico.Trabalho há muitos anos com Linux e
software livre, e prestando serviço de TI, inclusive para grandes
empresas, e detentor de diversas certificações técnicas. Já até
contribui com código para o Red Hat Linux (antes de surgir o produto
RHEL). Procure pelo printtool no Red Hat Linux 4.2. Se você procurar,
vai achar um histórico meu anterior à bolha da internet e à "moda" do
open source. Você não está respondendo a um desses lamers que aparecem
na lista de vez em quando. ;-)


> O Projeto Fedora é um projeto *independente*, com seu próprio líder
> (Fedora Project Leader), seu próprio board e seus próprios comitês
> diretores. O Projeto Gnome é patrocinado pela Red Hat como outras
> *dezenas* de projetos de Software Livre, e em nenhum momento ouvi
> alguém dizendo a besteira de que a documentação do Gnome é escrita
> visando estratégias de mercado da Red Hat.
Eu falei da documentação do projeto Fedora, não do projeto Gnome. É esta
documentação que foi citada como recomendando o RHEL para servidor.

Embora o Projeto Fedora seja um projeto independente, é também um
projeto patrocinado pela Red Hat, criado e até hoje mantido
juridicamente e financeiramente por ela mesma, e aonde estão envolvidos,
inclusive em funções-chave, vários funcionários da empresa.

O Projeto Fedora é independente sim, tem uma estrutura legal, mas
existem vários interesse em comum do projeto e das pessoas envolvidas
com a empresa Red Hat. E não tem nada de errado nisso! Empresas são tão
parte de uma comunidade quando ONGs e indivíduos.

Por outro lado, sempre que existem interesses conflitantes, acaba saindo
um compromisso, e no cado do projeto Fedora é o discurso de "não
recomendado para servidores". Este discurso é verdadeiro em muitos casos
mas não em outros. Minha intenção era esclarecer os detalhes.

Se "independência" é um fator importante para você, é fato que o Fedora
**não é** tão independente quando um Debian, pelo menos em relação à Red
Hat. E nem por isso eles são inimigos. Tem funcionários da Red Hat que
são mantenedores de pacotes do Debian.


> Que fique claro, que o pessoal do Cent OS e o pessoal da Red Hat tem
> uma boa relação.
E aonde foi que eu sugeri que não existiria esta boa relação?


> O Fedora, como Sistema Operacional, é visto como um sistema cutting
> edge (por alguns, inclusive classificado como bleedinge edge) o que
> revela o esforço para inovação e tecnologias de última geração. Eu não
> sei qual o intuito do servidor ter o Gnome mais moderno, o navegador
> Firefox mais moderno e assim por diante.
Tem administradores que precisam do cutting edge. Mesmo os que não
precisam deveriam saber o que se perdeu para ter a "estabilidade" do RHEL.

O administrador precisa acessar ferramentas gerenciais, que hoje tendem
a ser ferramentas web.

Por exemplo: se você instalar o RHEV (console de virtualização que é a
versão suportada do projeto oVirt) ele não funciona com o Firefox
incluso no RHEL. O mesmo ocorre se você instalar o JBoss EAP 6 (que é o
JBoss AS 7). Aí ou você instala o Google Chrome, que não vem como parte
da distribuição, ou instala um Firefox atualizado "por fora" (dica: use
o repositório do Remi).

Sem falar nos exemplos que citei do PostgreSQL e Samba. É melhor chamar
de "fragmentado" do que verificar cada afirmação individual, não é? ;-)


> Além disso, o Life-cycle do Fedora é de meros 13 meses, o que na
> verdade é o principal ponto que desencoraja seu uso para servidor.
Esse é sim um fator relevante, mas para muitas empresas não é nada de mais.

Quem vai ficar, em são consciência (segurança!) com um Windows Server
sem o SP mais recente, e sem os hotfixes? Mas várias aplicações deixam
de funcionar dependendo da atualização do Windows Server. O mesmo ocorre
com aplicações proprietárias em Linux e outros SOs.

Por outro lado, atualizar um Fedora é fácil, e adaptar configurações de
ferramentas open source à nova versão normalmente não é nada complicado.
Frequentemente você precisa das novas funcionalidades, não vai ficar com
seu ambiente "congelado" por anos, fazendo apenas atualizações críticas
de bugs e segurança.

Atualizar um Fedora ficou muito fácil e confiável depois do Fedup, e tem
muita empresa que não é 24x7, então pode esperar algumas horas por um
fedup via rede. :-)

Ainda falando do Life-Cycle, há alguns anos houve o Fedora Legacy, que
tentou manter atualizações além dos 13 meses. Não pegou, porque a Red
Hat não apoiou, e a parte "independente" da comunidade não foi grande o
suficiente para isso, apesar de tantas manifestações de apoio. Em vários
encontros da comunidade brasileira e eventos tipo FISLI o pessoal
reclama que poderia haver um Fedora "extended suport" a la Ubuntu ou
Debian Stable.

Acaba que o extras e plus do CentOS cumprem parte do que se queria com o
Fedora Legacy. Mas, como eu disse na mensagem anterior, aí você deixa de
ter um sistema "compatível" com o RHEL.

> Como eu disse, muitos usam o Fedora como servidor, e ele é apenas
> desencorajado pelo fato do Cent OS e do RHEL revelar uma plataforma
> direcionada para servidores. Sua lenha na fogueira, não passou de uma
> faísca,
Foi bem mais que uma faísca, tanto que você escreveu esta resposta longa
e me fazendo acusações infundadas. 8-D

Deu certo, estou jogando mais lenha, só que com a intenção de informar,
não de criar polêmica.

IMHO este discurso de "instável" desencoraja o uso do Linux de modo
geral em pequenas empresas. O pessoal fica usando RHEL nos servidores
tipo 96GB de RAM e 16 cores, e deixando os menores para Windows e
vmware, quando poderia ter opções melhores e mais baratas com Linux.

Por exemplo, quem usava RHEL/CentOS como servidor de arquivos e login de
rede (PDC) apanhou da questão do Samba vs Win7 e nunca mais quer ver
Linux, quando poderia ser melhor informado pela comunidade e saber que
era só ativar o repositório Sernet para ter o samba atualizado, ou então
o centos plus.

Já o desenvolvedor de aplicações, fica assustado com o discurso de
"instável" do Fedora, e não usa ele para criar aplicações. Aí apanha com
as coisas que não estão atualizadas no CentOS, e por fim muda para MacOS
ou Windows, quando teria no Fedora um ambiente de desenvolvimento
sensacional, com tudo de novo para nuvem, mobile e etc.

> porque tem gente de outros projetos que *se baseiam no Fedora (existem
> mais de cem distribuições baseadas no Fedora)* que mexem na
> documentação, como contribuidores. Qual vai ser a próxima? Que gente
> do Freedora muda a documentação do Fedora para se favorecer? Gente do
> BLAG [GNU/]Linux? e por ai vai.
Olha só, peguei no trauma sem saber. Releia minha mensagem, em nenhum
momento eu citei nem defendi esses projetos baseados no Fedora. Quando
muito, eu tentei estimular as pessoas a dar uma chance ao Fedora em
situações onde o discurso oficial do projeto encoraja elas a ir para o
RHEL e CentOS, que por sinal são ambos derivados do Fedora.

Eu estou defendendo o Projeto Fedora e me respondem como inimigo! ;-)
Deve ser orientação do marketing da Red Hat. ;-)))

[ Preciso dizer que o comentário acima foi irônico, não é pra ser levado
à sério? ]

Apoiar um projeto e criticar um projeto não são coisas contraditórias.
Se ninguém em uma comunidade critica a própria comunidade, ela não vai
evoluir.



--
Marcel Ribeiro Dantas,
Biomedical Engineering Researcher at LAIS
Laboratory for Technological Innovation in Healthcare (LAIS-HUOL)

http://mribeirodantas.fedorapeople.org
mribeirodantas at fedoraproject.org
mribeirodantas at lais.huol.ufrn.br

GNU/Linux User nro. #440985